sábado, 9 de agosto de 2014

Você prefere Marvels ou Reino do Amanhã?


A década de 1990 é famosa por conta dos seus quadrinhos ruins. Toda uma geração que foi criada por desenhistas como Rob Liefeld e seus genéricos, sagas intermináveis e estragadas (como os clones do Aranha) e capas metalizadas pra vender mais X-men sem conteúdo. Entretanto, é uma década que nos proporcionou duas obras divisoras de águas na história dos quadrinhos de super-heróis: Marvels e Reino do Amanhã.

As duas obras foram desenhadas por Alex Ross, que imortalizou seu nome na indústria depois disso. Marvels foi feito em parceria com Kurt Busiek e Reino do Amanhã com Mark Waid. A primeira conta o passado do universo Marvel, a segunda é sobre o futuro do universo DC. Durante muito tempo me perguntei qual das duas era a melhor e percebi que, para além de estereótipos do tipo “marvete” ou “decenauta”, definir isso envolvia outras sensibilidades.

Marvels é de 1994 e Reino do Amanhã foi lançada dois anos depois. Um olhar cuidadoso percebe que Alex Ross melhorou significativamente sua técnica de pintura. A arte parece mais bem feita. Reino do Amanhã também possui cenas mais impactantes, com lutas épicas, além de um clímax de tirar o fôlego. Talvez seja uma das melhores histórias de super-herói de todos os tempos com um tema muito relevante: os velhos mitos ensinando como continuar sendo “heróis” à nova e despreparada geração. Uma história sobre aprender com os velhos.

Marvels, por ser uma minissérie que se passa em 4 tempos diferentes do universo Marvel, possui sua continuidade cronológica, mas não tem um “crescendo” que culmine em um grande momento, como acontece no exemplo da editora DC. Diferente de Reino do Amanhã, que tem nos míticos Superman, Batman, Mulher Maravilha e Shazam os protagonistas, Marvels conta a história sob a perspectiva dos humanos normais, de um repórter fotográfico chamado Phill Sheldon, que registra a passagem das “maravilhas” pela Terra, desde o Tocha Humano e Namor dos anos 40 até o Homem-Aranha dos anos 70, passando pela paranoia anti mutante do final dos anos 60. Trata-se de um registro histórico que os senhores Alex e Kurt observaram cuidadosamente, vasculhando os detalhes do universo Marvel, tendo as publicações da época como verdadeiros documentos-fonte.

Decidir se você gosta mais de Reino do Amanhã ou de Marvels é dar preferência a um de dois gêneros diferentes. O gênero de ambos esses quadrinhos não é exatamente “super-herói”. Reino do Amanhã tem seus heróis mitológicos e suas grandes lições e maneira épica de ver a vida. Marvels é uma história humana numa maneira moderna e cotidiana de ver a vida, por mais incrível que ela possa parecer.

De certa forma, essas obras significam ou representam bem a linha editorial de onde foram criadas. Marvel e DC. Mais humano, mais mítico.

Então, que tipo de narrativa você prefere: o épico aventureiro fantástico ou moderno cotidiano histórico?

2 comentários:

Suzim disse...

Tenho dificuldades em responder qual das duas foi melhor, por "n" motivos além dos que você mencionou. À época eu era mais "DCnauta" e por isso, talvez, eu possua uma tendência a elogiar mais "O Reino do Amanhã". Também destacaria o fato de ser uma história não contada, inserindo novos (e resgatando outros) muitos heróis da editora.

Porém, as duas narrativas sendo montadas como se fossem do nosso cotidiano, vide a quantidade de "easter-eggs" contida nas histórias (a revista Wizard enumerou cada uma), como Lois e Clark aparecendo em MARVELS e um pôster da Bjork em O REINO DO AMANHÃ, tornam muito mais empolgantes a quem lê.

Possuo as duas em lançamentos originais e em encadernados, sendo as primeiras edições mais que preferidas da minha coleção.

Tarcisio Braga disse...

rapaz.
Independentemente de qual das duas é a melhor, concordo em gênero, número e grau que as duas são diamantes dos anos 90. O diferente, tanto em arte quanto em história.

São minisséries que elevaram as HQs, mostrando, como obras dos senhores Gaiman e Moore que não se trata apenas de literatura menor, feita pra crianças.

Acima de tudo o lado humano é o que mais chama atenção nas duas. Uma visão bem diferente da que estávamos acostumados.

Nelas os protagonistas são pessoas comuns, que dão suas impressões sobre um mundo cheio de "deuses" pra todos os lados.

Seria uma loucura sem tamanho...