domingo, 17 de julho de 2011

DYLAN DOG



Recentemente assisti ao filme Dylan Dog... Quando vi o trailler, imaginei: “uma mistura de Buffy com Constantine”. É uma pena que minhas suspeitas tenham se confirmado tão tragicamente. O que eu não tinha previsto seria que a película não teria sequer o carisma desses dois outros, muito menos a qualidade...



Dylan Dog foi o primeiro quadrinho italiano que li e gostei. Lembro-me do dia em que fomos ao supermercado e, na banca da frente, encontrei o primeiro exemplar que folheei desse personagem completamente desconhecido pra mim. Na verdade, ainda guardo o título comigo e acho uma das melhores edições que li do “investigador do pesadelo”: O Fantasma de Anna Never. É a edição nº4 de 1991, da editora Record. Eu fiquei louco pelo personagem. Nunca tinha lido quadrinho de terror com uma qualidade tão boa. Os desenhos eram de um cara chamado "Roi" (mais tarde decobriria que Corrado Roi seria o autor de outras das melhores bandas desenhadas do personagem). Estamos falando simplesmente da melhor combinação de terror, humor, suspense e mulheres bonitas com roteiros e desenhos de qualidade.


(Partida com a Morte, edição 4 da editora Mythos, desenhada por Corrado Roi)

Na época, eu não tinha outro quadrinho para suprir essas características que eu gostava. Se quisesse algo parecido, tinha que ser na TV, com Arquivo X. Garimpei o máximo que pude nos sebos e encontrei outras edições da Record, que guardei com muito carinho. Mais tarde, a editora Conrad lança 6 edições do personagem, todas com capas do Mike Mignola, quadrinhista fã confesso do personagem. Recomendo que os marinheiros de primeira viagem leiam essas edições da Conrad, parecem selecionadas a dedo.


(Ilustração feita por Stano)

Logo depois veio a Mythos, casa dos personagens bonellianos, mas infelizmente o título só teve 40 números. Entre eles, recomendo as edições nº 01 (A história de Dylan Dog, brilhantemente desenhada por um cara chamado Stano, que também fez várias outras edições do personagem, inclusive a primeira, chamada “O Despertar dos Mortos”), 04 (Partida com a Morte), 05 (O longo Adeus), 09 (Nas Profundezas), 35 (História de Ninguém) e 40 (O Mistério no Tâmisa).



Mas voltando ao filme... Quando você se prepara para uma adaptação do Dylan Dog, você espera uma mistura de terror tipo “A Morte do Demônio”, com um humor pastelão típico da década de 50 (vide Groucho Marx: “O camaleão só fica da cor do camaleão quando pára na frente de outro camaleão”), você espera morte, muito sangue e zumbis a la George Romero. Você espera o herói matando esses monstros sem pestanejar e não ficar de bate papo com eles, sendo o amiguinho “Investigador do pesadelo” que todo monstro conhece. Você espera o clichê das mulheres extremamente sensuais caindo nas cantadas do detetive canastrão, você espera o Dylan esquecer o revolver e , na hora “h”, Grouxo Marx atirando-o para o parceiro no clímax. Nem vou citar aqui que o mínimo que você espera é ver o Groucho... Você espera cenas completamente sem sentido, como rodas gigantes voando no espaço, uma adaga sair voando de dentro de um VHS ou um ônibus cruzando a lua... DEUS! Você espera ver uma Londres sinistra, cheia de nevoeiro! Você espera um herói atônito exclamando: “Judas dançarino!”... Infelizmente não é isso que vemos no cinema de Dylan Dog... Um filme que falha como adaptação, como cinema de terror, de comédia ou de detetive, com seus recordatórios e narrativas desnecessários... Mas tem um vilão final digno de Power Rangers!

Fiquem longe!

terça-feira, 12 de julho de 2011

Killer Crispim

When the moon is in the high sky
And the Old Monk river goes down
His big head ahead rises

His killer’s eyes looking for a victim,
Looking for a innocent Maria.

Step bay step going down a dark street,
In the nigth, a lenely criature.

Many years ago
A terrible mother’s curse
Down on a child:

“Seven girls you’ll have to kill
Ungrate son!
Or you will never see again the light of sun
You don’t understand the love of a mom
For that, you’ll be turn in to a monster
And will live by the river
You destroyd my life
You made real our poverty
And can’t live with that
Sick and hungry your hate changed in madness
You raise up your hand over me.”

Years before, six little girls
Were dead in screams and blood
When the seventh fall down,
He’ll come back a normal man
If a seventh die.

With her books on the chest
The white skin and fresh meat
Waiting the bus, but is to late
To the little and pretty girl.

Running down the street,
With fingers starved of horror song
Singing by the virgin mouth,
Crispim is so insane!

Run and pray!
Just run away!
Try to live
But anyway
You will die
Before next day.

The moon shine in red blood
His hate and hungry decrease
The wind blows so strong
It’s the end of a mother’s curse
Crispim isn’t more the same
The river isn’t more his home
But the curse don’t dispel
‘Couse Crispim have no more choice.

His eyes is like the light of the moon
The madness still alive in his body
The eighth death will come soon
It’s the lovely heritage to a son.

EXODUS

(por Bernardo Aurélio)

Os navios deixam Portugal
Navegam o mar da fantasia
Marinheiros de sol e sal
Enfrentam monstros e magia.

Pra trás ficam Lisboa,
E um trono vazio
Desesperada a corte
Embarca para o Brasil.

Ooh, mar salgado!
Quanto do teu sal
São lágrimas choradas de Portugal?

Aah, mar salgado!
Quanta tragédia!
Perder o rei, assim da noite pro dia.

Ooh, icem as velas!
Homens para o mar,
Ao horizonte, pra longe de nosso lar?

Os barcos ancoram no litoral,
Cruzaram o mar com angustia.
O fim da escravidão colonial.
Um reino o Brasil agora vivia.

Ooh, mar salgado!
Quanto do teu sal
São lágrimas sangradas por Portugal?

Aah, mar salgado!
Quanta tragédia!
Perder o rei, assim da noite pro dia.

Ooh, Rei, meu rei!
Volte a Portugal
Veja seus filhos, proteja-nos de todo mal!

Espíritos dos Deuses Mortos

(por Bernardo Aurélio)


Os homens rezam através dos tempos
Pedem proteção ao desconhecido
Oferecem oração, despercebidos,
Não existem mais aqueles templos.

Há apenas um à quem apelar.
Um Deus com seus santos na Terra
E deuses mortos na santa guerra
Milhares de seres a nos observar.

Os sentidos nos enganam
Estão todos aqui, os deuses tortos.
À noite eles nos procuram.
São os espíritos dos deuses mortos.
(Refrão)

Eles estão perdidos na Terra.
Espíritos antigos, caídos, escondidos.
Que dançam ao redor da chama de velas
Deuses esquecidos que só querem rezas.

Astro Rei

(por Bernardo Aurélio)


Sobre nossas cabeças
Um Astro Rei
Escaldante e eterno
O sangue ferve
Nas veias, no inverno.

Sobre nossas cabeças
Um Astro Rei
Escaldante e eterno
A loucura cresce
Na cidade, no inferno.
(Refrão)


Criaturas diurnas
Forjadas pelo sol
Caminham pelo asfalto
Atravessam prédios,
Ferro e concreto.

Zumbis engravatados
O enorme big-ben
Refletido nos pulsos
Sem vontade própria
Dia-a-dia controlados.

É ele quem dá as regras
Ele é o astro rei
Não há entropia
Abaixe a cabeça,
Apenas faça! Sorria!

As horas estão contadas
Não vá se perder,
Não olhe para a lua
O ciclo lunar é diferente
O sol não se pode deter.

Olhe para o sol
Cegue suas retinas
Não precisa delas
Já sabe o que irá fazer
Quando o dia amanhecer.

Crispim Assassino

(por Bernardo Aurélio)

Quando a lua está alta no céu
E o velho monge desce devagar
Seu corpo surge no véu da noite

Seus olhos assassinos procuram pela vítima,
Procuram pela inocente Maria.

Seus passos descendo a rua escura
Na noite, a solitária criatura.

Muitos anos atrás
A maldição de uma mãe
Caiu sobre sua criança:


“Viverá para sempre no rio!
Até que sete garotas tenha matado,
Maldito filho ingrato!
Não verá mais a luz do sol.
Não entende o amor de uma mãe.
Um monstro que merece esse fim!

Você destruiu minha vida
Tornou real nossa pobreza
Não pode viver com isso
Doente e faminto, ódio e loucura
Você levantou sua mão sobre mim!”

Anos depois, seis garotas
Mortas em gritos e sangue
Quando a sétima cair ao luar
Será o fim da maldição
Basta mais uma cair e sangrar

Com seus livros sobre o peito
Sob a pele pulsa o sangue fresco
Esperando o ônibus, mas é tão tarde
Tão tarde para a pequena menina.

Correndo rua abaixo
Faminto de horror
Ele quer devorá-la
Sangue, suor e pavor.

Cante, cante, menina.
Cante, cante, Maria.
Cante o grito da dor
Liberte Crispim
Liberte Crispim sofredor.

A lua brilha vermelha esta noite.
Seu ódio e fome diminuem
O vento sopra tão forte como açoite
Sua mãe está no inferno, saciada
Crispim não é mais o mesmo
O rio não é mais sua casa amaldiçoada

Mas Crispim não tem mais opção
Seus olhos são como o brilho da lua
A oitava vítima virá logo.
Banhará de sangue novamente a rua
É sua herança, é tudo que tem.
É o que arde no peito.
É fogo.

Lunar

(por Bernardo Aurélio)

Eu vejo o céu
Com olhos vermelhos
Minha cabeça dói tanto
Minha alma grita

A luz da lua
Tão escura esta noite
E meus pesadelos
São bons sonhos

A luz da lua me guia
Corro pelo precipício
Se eu cair, serei livre
Talvez seja melhor

Olho para seus rostos
Tanta gente insana
Eles são loucos!
Vivendo à luz do sol
Vivendo tão pouco.

Não si controlam.
A lua está comigo.
Eles vivem pelo sol
Com a lua estou protegido.


Lunar (Versão em inglês)
(Bernardo Aurélio)

I look to the sky
My eyes are red
My head hurt so much
And my soul scream

The light of the moon
Are so dark tonight
And my nigthmares
Are just like dreams.

The lunar lights guides me
I run closer to the edge
If I fall I will be free
And maybe it will better

I look to their faces
And see anything
Just insanity.
They are so crazy
Living like that
Day after day around the sun.

They don’t control their own lives
The lunar Light its with me
They live inside of madness
The lunar light hold me.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Meia Noite em Paris



Normalmente eu não faço resenhas sobre filmes. Não é minha praia. Mas eu posso escrever sobre o que gosto e os filmes do Woody Allen sempre me agradam. Não sou nenhum fã incondicional que disseca da filmografia do cara. Assim, de cabeça, lembro que assisti Poderosa Afrodite (1995), Os Trapaceiros (2000), Match Point (2005), Celebridades (1998), Scoop (2006) e agora o Meia Noite em Paris, que vi ontem. Como podem ver, são todos obras recentes. Tenho algumas coisas antigas dele agendadas para ver, como O Dorminhoco (1973) e Tudo o que Você Sempre Quis Saber sobre Sexo mas Tinha Medo de Perguntar (1972)... Mas vão ficar pra depois.

O que posso dizer desses filmes que já vi é que Woody Allen parece melhorar sempre. É impressionante! Entre esses filmes que vi, com exceção de Match Point, que é quase um thriller, diferente dos outros: comédias, ele parece bater sempre na mesma tecla, mas com um estilo particular a cada vez. É gostoso de ver! A verdade é que suas comédias românticas, sempre protagonizadas por ele, mesmo quando não está atuando (vide Kenneth Branagh em Celebridades, ou mesmo o Owen Wilson nesse Meia Noite em Paris), são aqueles filmes que você fica com aquele sorriso de bobo quando os créditos sobem e as luzes acendem. Woody tem o poder de nos transformar em expectadores e só! Nada mais importa! Poderíamos continuar assistindo aquilo até o fim das nossas vidas. E o que mais me impressiona nele é que é completamente despretensioso.



Meia Noite em Paris é um filme que se passa nos dias de hoje sobre um cara que é apaixonado por um passado que não viveu, como se tivesse a sensação de que nasceu na época errada. Ele é encantado pelos anos 20 de Paris, com os grandes artistas que viveram ali naquela época, naquela áurea, como Picasso, T. S. Eliot, Scott Fitzgerald, Dalí e tantos outros que aparecem no filme. É imperdível ver Hemingway desafiando as pessoas para uma boa luta de boxe!



Um filme sobre se encontrar no tempo em que se vive.

É o seguinte: Meia Noite em Paris está em cartaz e, se você nunca assistiu a um Woody Allen, não perca tempo. Ele é um velhinho atrapalhado como vimos em seus filmes e nunca saberemos quando ele poderá bater as botas... Desfrute-o como se fosse a última vez que pudesse fazer isso. Aproveite!