segunda-feira, 21 de junho de 2010

Boa viagem...

Essa semana um amigo vai partir em uma viagem de centenas de quilômetros sem data para voltar em busca da vida de um monge zen budista. O que mais me impressiona nisso é que antes ele vai parar no Rio de Janeiro e vai aprender a surfar...
Não é a primeira vez que ele parte. A primeira vez, pelo menos a que eu sei, durou uns cinco anos: queria ser cineasta e voltou do sul diplomado. Fez dois ou três filmes que não o satisfizeram.
Ele também escreve. Coisas boas, inspirados por algo invisível ou palpável.
Hoje usa a cabeça raspada, mas já foi balula ou moicano. Outra vez, deixou um rabinho de porco descendo pela nuca.
Já usou cachecol italiano, terninho de veluno, all star dourado (o único que tive o privilégio de ver na minha vida) e blusas com um elefante hindu divino que eu esqueci o nome. Mas sei que de todas, ele prefere as coloridas.
Já foi abstêmio, já provocou escândalos de ébrio e outras coisas que me esquivo de comentar.
Ostentou a vida livre, mundana e já, inclusive, defendeu a divindade do celibato e foi contra o prazer solitário, o injusto e infeliz cinco contra um.
Certa vez o vi levando sua doença pra passear, com uma bata de hospital que o que tem de mais terrível, além daquele azul apático, é o fato de mostrar a bunda cabeluda do infeliz pelo corredor. Ele passeava como quem anda com seu cachorrinho na coleira, e foram dias quando esperamos o resultado de testes angustiantes.
Amanhã ele vai embora. Mas ainda não se criou esse clima de despedidas. Da primeira vez que ele foi eu dei um tapinha nas costas dentro do aeroporto e disse “até” como se fosse encontrá-lo no bar da esquina no final de semana que vem. Tiramos umas fotos. Semanas depois, quando o computador deu um pau e lá se foram meus arquivos, chorei de despedidas daquelas fotos perdidas.
Quando souberam dessa nova viagem, alguém (meu irmão) disse que tratava-se da pira da semana. Que seja... Que posso dizer? Na real? De alguém que nunca surfou pra alguém que vai fazer isso o Rio? Se ele conseguir fazer um tubo (ou algo parecido) dentro de uma onda em copacabana ou ipanema, já valeu a pena.

Boa viagem!

Um comentário:

Juliana Nunes disse...

E foi ele quem me ensinou a amar mais ainda o cinema, com seus momentos e herois, com começo meio e fim, não necessariamente nessa ordem, irreverssivelmente falando....
segura na mão do Buda e vai meu querido, mais volte!x