(cheio de spoiler)
Verdade seja dita: BvS é muito melhor do que as críticas
negativas dizem.
O filme tem problemas, sim! Mas vou tentar focar nos
pontos positivos.
Ele precisa continuar de onde Man of Steel (MoS) terminou,
mas corrige detalhes que me incomodou bastante naquele filme: a falta de
kriptonyta e a fraqueza do Superman diante da mudança de gravidade (!).
Simplesmente ignoraram isso da gravidade! Menos mal!
O filme é bonito de ver e é cheio de simbolismos, e é
preciso procurar assistir ao filme através de atos simbólicos. Por exemplo: um
amigo reclamou que o Super chegou falando: “Bruce, me escute! Não vamos
lutar!”. Quer dizer, eles simplesmente poderiam ter conversado e a luta do
título nunca ter acontecido, entretanto, o filme fala o tempo todo sobre a
necessidade do “deus” conversar com os humanos, que é assim que a democracia se
faz, e quando, finalmente, o Super chega pra conversar com o Batman ele não
consegue, porque os homens não ouvem “deus”. Existem simbolismos menos
discretos, como a cena do Super salvando uma família em cima de um telhado, ou
a descida de “deus” junto aos “mortais” no dia dos mortos mexicano. O filme é
repleto disso. Em dias quando MadMax é elogiado pela crítica que ressalta o não
dito, BvS merecia melhor recepção.
Alguém me disse que o filme era uma boa adaptação antes de
eu ver ao filme. Eu desdenhei porque, como poderia ser, se sabia que tratava-se
de uma colcha de retalho de Cavaleiro das Trevas, Injustiça e Morte do Superman?
Evidentemente, existem problemas cronológicos se pensarmos em uma adaptação
fiel para essas três obras em um único filme, mas o fato é que existem cenas e falas recortadas
e coladas do quadrinho para o filme além de outras fidelidades, como o
próprio Apocalipse, que não é o personagem que esperávamos, mas em essência ele
está lá: um ser que não morre e que evolui a cada adversidade que enfrenta e
que fez o que estava destinado a fazer quando aparecesse em um filme: matar o
Super!
Sobre a morte do Super, ela corrigiu um problema latente do
personagem: a negação do mito. O filme fala sobre o medo do diferente e muitos
tinham medo do Super, ele não tinha o carisma necessário para a gradar a
população. Mas a sua morte lhe traz a redenção e a recompensa: torna-se experiente
e o ícone que merece ser. Em termos de cinema, essa é sua linguagem mais pura,
a própria jornada do herói.
Lex é um grande vilão com uma motivação muito válida (editado: alguém me questionou depois: que motivação é essa? É aquilo que, no fundo, esperamos do Lex: provar que a humanidade não precisa de um "deus" andando entre nós). Em
alguns momentos, parece muito exagerado, mas o ator segura a onda e mostra a
que veio: Superman ajoelha-se diante dele e nem precisa de kriptonyta para
isso.
Você não pode dizer que falta coração ao filme, Kevin Smith,
desculpe! (editado: e ele se corrigiu no dia seguinte ao que publiquei este texto, retificando sua opinião) O Batman do Afleck é tão atordoado, mesmo 20 anos após iniciar sua
jornada como herói, que abandonou a mansão dos Wayne. Ver aquela mansão abandonada
e um Bruce mulherengo e bebendo álcool é realmente assustar-se diante de um
herói mais soturno e em fim de carreira, que sofre num mundo onde ninguém
permanece bom: talvez por isso ele mate tanto no filme, mas não vou defender
isso, porque é algo que não gostei no filme. E as mortes não foi apenas no “sonho”
ou na “batnave”, o próprio Batcarro saiu matando todo mundo com tiro de canhão
numa cena completamente desnecessária (afinal, ele havia atirado um detector no
caminhão onde estava a Kriptonyta que ele queria roubar, o que ele fez depois,
sem matar ninguém, tão facilmente que nem é mostrado no filme).
O Super até sorri uma vez, salvando a Lois, na África.
Quando isso aconteceu, bem no começo do filme, parece até que o uniforme ficou
mais azul e uma áurea surgiu ao redor dele (ok! Isso foi bem gay!), mas é uma
prova de que no filme da Liga tudo vai ser mais feliz, porque os problemas com
o personagem passaram com sua morte e ele poderá sorrir mais, junto com os
superamigos.
Outro amigo falou que o mundo real em sépia do Nolan/Snyder
quer ser tão crível que não nos permite acreditar no sonho do mundo colorido que
o Super deveria representar. Acredito que este filme fale justamente disto. É
sobre isso que Super e Lois conversam naquela janela, sobre esse sentimento de
que ele não deveria existir e o filme nos faz querer acreditar neste herói,
utilizando o lado mais passional de cada um de nós: amar aquele que se
sacrifica por nós e amar aquele estranho que não é tão estranho assim quando
descobrimos que ele tem e ama uma mãe, como todos nós.
Unanimidades: a trilha sonora é incrível (Não nos abandone
Hans Zimmer!) e a Gal Gadot calou a boca de todo mundo.
O filme merece uma nota 7 com facilidade porque possui mais
acertos que erros. Acho que Zack Snyder merece continuar no time (editado: afinal, se Nolan cometeu o Batman 3, Snyder deveria concluir seu Super no próximo filme).
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Depois de escrever este texto, alguém me marcou neste vídeo. Assistam:
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