domingo, 20 de setembro de 2009

Resultado 10ª Feira HQ

PREMIADOS 10ª FEIRA HQ – 2009

PUBLICAÇÃO

3º – Prego, de Alexsander Vieira, de Vila Velha-ES
2º – Gente Feia na TV, de Alexsander Vieira, de Vila Velha-ES
1º – Samba, de Gabriel Goes, Gabriel Mesquita e Lucas Gehre, de Brasília – DF.

ILUSTRAÇÃO INFANTO JUVENIL

3º – Nazareth Machado, de Marina Romero, de Teresina – PI.
2º – Haverick, de Francisco Carvalho Neto, de Teresina – PI.
1º – Amatertsu, de Lucas Rodrigues, de Teresina – PI.

HISTÓRIA EM QUADRINHOS INFANTO JUVENIL

Morrer ou viver? Eis a questão, de Matheus Barbosa, de Teresina – PI.

ILUSTRAÇÃO

3º – Morley Cigarrets, de Danielle Dantas, de Teresina – PI.
2º – Sem Título, de Gabriel Goes, de Brasília – DF.
1º – Beautiful Black Babe, de Esaul Furtado, de Teresina – PI.

MELHOR ROTEIRO PARA QUADRINHOS


3º – Marcas, de Samuel Carneiro Chagas, de Timon – MA.
2º – Uma História de Muitas Cidades, de Marcelo Oliveira, de Salvador - BA
1º – O Elíptico, de Jaison Castro Silva, de Teresina – PI.

MELHOR DESENHO PARA QUADRINHOS
3º – Uma História de Muitas Cidades, de Marcelo Oliveira, de Salvador - BA
2º – Réquiem para o Diabo, de Edinaldo Ferreira, de Teresina-PI
1º – A Obra de Arte, de Antonio Cardoso, Timon – MA.

HISTÓRIA EM QUADRINHOS ESTILO MANGÁ
3º – O Fio da Meada, de Ludmila Monteiro, de Teresina – PI.
2º – Para Aqueles que Não Leram esse Livro, de José Chaves Filho, de Teresina – PI.
1º – Ginga Brasil, de David Lima, de Teresina – PI.

MELHOR HISTÓRIA EM QUADRINHOS
3º – Sim, Kimosabe, de Betir Lopes, de Manhaçu – MG.
2º – Jimmy Black Dog, de Dereck L. Teixeira, de Teresina-PI
1º – Sobre Nuvens e Sombras, de Zorbba Igreja, de Teresina - PI

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Entrevista para o Jornal Meio Norte . Caderno For Teens

For Teens: Qual as novidades da décima edição da Feira HQ?
Bernardo Aurélio: A principal novidade é o lançamento da revista "Foices e Facões - A Batalha do Jenipapo". Revista patrocinada pelo governo do Estado e produzida pelos irmãos Bernardo Aurélio (eu, que já escrevi para o For Teens a coluna Estação HQ por quase três anos) e Caio Oliveira. Outros atrativos são: lançamento no Piauí da revista Balaiada, dos maranhenses Iramir Araújo, Ronilson Freire e Beto Nicácio. Fora isso, o evento cresceu em categorias. Até ano passado eram apenas três categorias competitivas. Agora são nove (veja regulamento nucleodequadrinhospi.blogspot.com)! Cresceu também em participação e em qualidade dos trabalhos concorrentes.


FT: Como é chegar até a décima edição?
BA: Isso é importante perguntar porque os jornalistas sempre querem novidades. As vezes, as novidades não são o mais importante. Chegar a décima edição é o principal fato do evento: continuísmo, solidez na organização do evento, desejo de continuar fazendo e superando as adversidades. Esse ano publicamos a 3ª edição da revista Feira HQ. Logo logo sairá a 4ª, com os trabalhos premiados da 10ª edição do evento. E a cada ano a gente faz isso. Ano que vem será a 11ª, um número menos importante? Claro que não! Menos redondo, eu diria!

Eu escrevi um texto que está no folder do nosso evento:” ...Porque chegamos à décima edição do evento “feira hq” não quer dizer que estamos satisfeitos. Porque chegamos à terceira edição da revista feira hq, não temos pretensões de conquistarmos o mundo. Porque as coisas são difíceis e se fosse para desistirmos já o teríamos feito. Porque amamos mais os quadrinhos do que nossa capacidade de fazermos o que eles merecem. Porque nos calçamos sem ignorar as pedras que enxergam em nossos sapatos pela necessidade que sentimos em fazê-lo. Porque tudo ainda é muito pequeno e não nos envergonha falar de sonhos. Porque ainda estamos aqui: talvez não com as mãos e ouvidos calejados como deveriam. porque todo artista canta suas glórias e desgraças, também vamos cantar as nossas: uma década, uma década, uma década, uma década, uma década, uma década ...”

Acho que é isso. De uma maneira geral, estou muito feliz.

FT: O que mudou no mundo dos quadrinhos nesse tempo?
BA: Essa é complicada. Nesses últimos anos, os quadrinhos como o conhecemos (impresso, com balões, com quadrinhos) completou 100 anos. Acho que temos uma arte bem nova neste ponto de vista. Nos últimos dez anos vimos o mangá se espalhar e se solidificar pelo mundo. Vimos o quadrinho publicado em formato livro ganhar as livrarias, consolidando o formato Graphic Novel (Romance gráfico). Vimos os quadrinhos invadirem o cinema. Vemos o quadrinhista nacional ganhar espaço no Brasil, como Lourenço Mutarelli, Grampa, irmãos Fábio Moon e Gabriel Bá entre outros (pouco e inconstante, mas está melhorando). Vimos os quadrinhos de super-heróis se reinventando para superar uma crise de mesmices (Autority, Astro City, Top 10, Promethea, Ex Machina). Infelizmente, vemos os quadrinhos tendo dificuldades para criar novos públicos de uma forma geral. Vemos cada vez menos quadrinhos específicos para o público infantil (com exceção da Turma da Mônica)... Enfim, tanta coisa!

FT: O que mudou na cabeça do teresinense em relação aos quadrinhos nesse tempo?
BA: Acho que pouco. O evento não é grande o suficiente para mudar a cabeça do seu público. Vemos, como em todo o Brasil, um mundo de mangakás, otakus (fanáticos por animação e quadrinhos japoneses). Acho que isso é o principal fato. Mas fazemos nosso trabalho de formiga. Me animo em ver que todo ano certas pessoas participam do evento. Sempre mandando trabalhos. Imagino que o Núcleo de Quadrinhos do Piauí está dando sua contribuição no estímulo à criação artística. Fazemos um certo número de pessoas continuarem produzindo. E estamos publicando esses caras! Vai chegar um dia que dirão: temos um cenário de quadrinhos que se movimenta e produz no Piauí. Um dia cai a ficha. Quando divulgamos nosso evento alguns sempre perguntam: “é a primeira vez que vocês fazem esse evento?”. Respondo: “Não! É a décima! Surpresa!!!”

FT: Como as demais mídias, como mangás, animes e desenhos animados, se relacionam com a HQ atualmente?
BA: Primeiro, permita-me esclarecer algo: Sua pergunta deixa a entender que mangá não é HQ(história em quadrinhos). É um erro bem comum. Mangá é HQ. Mangá é como se chamam os quadrinhos no Japão, da mesma forma que usamos Gibi no Brasil, comic nos EUA, banda desenhada em Portugal, essas coisas... Sobre sua pergunta, no Japão o relacionamento entre as mídias é bem claro. Sonia Luyten, doutora na área, fala de um tripé que se sustenta muito bem: quadrinhos, animações e brinquedos/jogos. Um produto incentivando o outro, como um acordo entre empresas. Normalmente, um mangá que faz sucesso vira animação que depois gera brinquedos ou jogos eletrônicos. No Brasil temos muita dificuldade com isso. Com exceção do Parque da Mônica e os vários brinquedos e produtos ligados a área. Temos também animações da Turma. Está em pré-produção uma animação do quadrinho nacional Holy Avenger, que seria um divisor de águas no mundo dos quadrinhos nacionais... Mas até onde eu sei está em pré-produção a quase 5 anos... Acho que não tem consistência. O mundo dos quadrinhos no Brasil agora que apresenta primeiros indícios de solidificação... Alcançar a indústria de brinquedos e da TV é um alvo distante. Imagine o que foram os anos 80 e 90, com a galera da Chiclete com Banana, que não conseguiram alçar vôos mais altos. É difícil! Já viu o desenho animado do Wood e Stock? É razoável...

FT: Com a internet, o que ainda podemos esperar dos quadrinhos como forma de comunicação?
BA: Primeiro a internet precisa realmente baixar a cabeça e dizer: “poxa! Ainda não somos tudo isso que vendemos ser...”. Num país como o Brasil, onde temos um dos maiores números de acessos diários no mundo, ainda temos de pagar pela internet! E internet ruim, diga-se de passagem! Ainda vou esperar umas duas décadas pra ver a TV se juntar com a net e está disponível de graça em todas os televisores digitais do Brasil e fazer a verdadeira revolução na Internet. Depois disso, vamos ver o que os quadrinhos podem fazer realmente. Scott McCloud (teórico famoso na área) fala das infinitas possibilidades de quadrinhos infinitos, sem preocupações com o espaço virtual. E até produz quadrinhos assim, como muitos outros. Pra mim, enquanto tivermos de ler um quadrinho numa conexão fulêra e num computador de, no mínimo R$ 1.500,00, tudo não passa de balela conceitual.

FT: Como a indústria do cinema ajuda os quadrinhos?
BA: Eu acho que os quadrinhos estão servindo muito mais ao cinema do que o contrário. Imagine que Homem Aranha 4 está em fase de pré-produção e já temos os roteiros para o 5º e o 6º sendo produzidos. É uma loucura! Hollywood estava passando por uma crise criativa, só pode ser! Os super heróis que fazem sucesso hoje na telona existem há décadas e ninguém poderoso lá havia dito: “vamos fazer isso direito!”. Considero Blade o filme da retomada dos quadrinhos para o Cinema. Depois dele veio X-Men. Pronto! Aprovado e carimbado. Quadrinhos vende ingressos. Poucos sabem que excelentes filmes como Estrada para Perdição e Do Inferno, O Anti-Herói Americano são baseados ou inspirados em quadrinhos.

Mas respondendo a sua pergunta de fato, os X-Men ganharam uniformes mais parecidos com os do filme depois da estréia. Um ano depois tudo voltou ao normal. O Cinema cria modismos nos quadrinhos para tentar atrair um público que viu o filme e pode começar a ler o quadrinho, mas na maioria das vezes isso não acontece. Imagine que os X-Men tem cerca de 40 anos de história. Super Homem e Batman tem uns 70. Um leitor novato tem muita dificuldade de se inserir nesses cenários.

FT: Há poucos dias, a Disney comprou a Marvel Comics e a DC já era controlada por outro grande grupo. Como o quadrinho autoral pode sobreviver nesse contexto?
BA: Fazendo da forma que sempre fez. Vendendo para o público que sempre existiu. Existe comprador pra tudo. Entretanto, o principal público do quadrinho autoral não é o mercado, é o próprio autor, que produz algo por motivações internas e sempre encontra espaço e meios pra isso. Entretanto, vale lembrar que a estúpida maioria dos quadrinhos autorais sempre continuam e continuarão nas gavetas de quem os criou.

FT: Como se dá a escolha do que vai ser apresentado na Feira HQ?
BA: Nada complicado. Temos um problema de espaço. A galeria do Club dos Diários suporta no máximo umas 120 pranchetas (páginas). Nós, da organização, precisamos fazer essa seleção pensando neste número. Aí vai pelo gosto de cada um. Se houver impasse sobre algum trabalho, votamos, mas isso dificilmente acontece.

FT: Em relação à obra "Foices e Facões - A Batalha do Jenipapo", conte-nos, um pouco, como foi o processo de criação e as dificuldades em produzir uma HQ no Piauí.

BA: Essa revista demorou um ano pra ser realizada. Desde a primeira frase escrita até o dia do lançamento. Em setembro do ano passado deixei meu emprego de coordenador de artes da Fundação Cultural do Estado para fechar o contrato de produção desse livro. Comecei a ler livros. Demorei quatro meses criando o roteiro. Em janeiro meu irmão começou a desenhar e eu a arte finalizar. Em agosto editei a revista. Coloquei na gráfica. Ainda está na gráfica. Recebo semana que vem, dia 18 lanço durante a 10ª Feira HQ. As maiores dificuldades foram imagens de referência. Muitos personagens históricos nós não tínhamos a menor noção de como eram. Tivemos de criar o visual. Tivemos toda liberdade criativa que pudéssemos querer. Com exceção de algumas coisas: vamos fazer pouco sangue, pretendemos enviar para alunos adolescentes. Não poderia ser nada muito violento. E um pequeno impasse na capa que resolvemos colocando o chapéu de couro na cabeça do vaqueiro, para completar a vestimenta típica do imaginário popular que temos desse personagem. Fora isso, só tenho a agradecer à FUNDAC por tudo e por nos apoiar desde o ano passado, quando começamos a fazer a Feira HQ no Clube dos Diários.