quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Um Conto de Ninguém

Um conto de ninguém.

Um obscuro dia me aguarda amanhã. Não sei por onde começar a me perder pelas ruas. Talvez não precise sequer sair de casa.

Olho o chão. Vejo meus pés descalços em cima dele. A sujeira entre as unhas encravadas. Tanto peso sobre o mundo. Tanta gente besta.
Não me considero um grande pessimista, até consigo me divertir com as pessoas mais ingratas que conheço.
...Mas amanhã... Amanhã sim, bem cedo, pela manhã.

As coisas quase sempre nunca são como esperamos. Amanheceu como sempre. Raiou o dia. Nenhum bicho entre as árvores de concreto. Não há ninhos ali. Não os vejo. Pelo contrário, havia uma mangueira bem ali, onde vivia algum animal barulhento, mas alguém a derrubou. Pena. Fazia uma sombra boa no quintal. O bicho voou pra outro lugar.


É claro que tenho esperanças e oportunidades. Minha vida é cheia disso. Já posso ir embora?


Pra prender vocês eu devia começar este texto com um assassinato ou com uma cena bem erótica, ou pornográfica:
Eu peguei seu rosto frio e machucado. O gosto da urina de suas coxas na minha boca era de azedar. Ela já não tinha mais forças pra nada. Eu não agüentava mais olhar para aquela cara, por isso a arranquei e joguei fora.

A polícia nunca a encontrou. Hoje eu estou velho e vou morrer. Fim!

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