Por Bernardo Aurélio
Prefeito Florentino e Albert Piauhy
Durante o 30º Salão Internacional de Humor do Piauí - Parnaíba, que aconteceu em novembro de 2013, eu estive lá e conferi de perto. Fiz uma série de entrevistas com convidados e com o Prefeito Florentino, que falou sobre calendário cultural, políticas de cultura, SALIPA e projetos de infraestrutura para aquela cidade, além de muita conversa sobre o Salão de Humor. Espero que gostem.
Entrevista com prefeito Florentino, Parnaíba, 17 de novembro
de 2013. Durante o período de realização do Salão Internacional de Humor –
Parnaíba.
Bernardo Aurélio:
Qual é a importância para o Estado ou a Prefeitura realizarem um evento como o
Salão de Humor do Piauí?
Florentino: Eu acho que cabe ao Estado, seja na esfera
federal, estadual ou municipal, ser um agente indutor da cultura. Patrocinando,
auxiliando os movimentos culturais e aqui em Parnaíba nós temos um esforço hoje
para que nossa cidade seja um destino turístico como efetivamente é. Parnaíba
hoje é considerada um dos 65 destinos indutores do turismo no Brasil, mas
inegavelmente nós temos aqui grandes potenciais naturais que colocam Parnaíba
nesse hall de destinos indutores do
turismo, mas nós não temos em Parnaíba um calendário cultural que em qualquer
época do ano fortaleça esse destino. Porque o turista, ele vem para cá para
conhecer o Delta, ver a praia, para conhecer todos os nossos atrativos
naturais, mas esse mesmo turista quer e tem direito de conhecer a nossa
história, a nossa cultura, participar de eventos e por isso Parnaíba tem de ter
esse calendário cultural. Mas não é só por isso, na verdade a cidade precisa
ter um calendário cultural. Uma cidade sem calendário cultural é uma cidade que
esquece seus artistas, não dá oportunidade para os mais jovens e para as
crianças ter acesso à cultura. Então a cidade precisa, por ser uma aglomeração
urbana, as pessoas que moram, efetivamente necessitam. A cidade precisa como
destino turístico. A cidade precisa porque os artistas precisam, porque as
pessoas que fazem a cultura aqui precisam ter um meio de expressão, agora a
vinda do Salão de Humor para Parnaíba é uma enorme contribuição para que a
gente possa ter mais um evento consolidado, um evento que não é uma tentativa,
não é uma experiência nova. Na verdade é um evento consolidado que escolhe vir
para Parnaíba e aí eu acho que é muito importante para nossa cidade porque nos
ajuda no sentido de sempre termos eventos culturais aqui.
Para o Salão eu acho também que é muito importante porque
ele vem para uma cidade que tem um fluxo turístico que é um dos 65 destinos
indutores. Então, na verdade, eu acho que é importante para o Salão e muito
importante também para a cidade.
Bernardo Aurélio: Você
falou de calendário cultural, que é uma coisa fixa, permanente. Como a gente
pode imaginar o Salão como uma política de estado, independente de governo? Um
evento como o Salão deveria ser construído dentro de um calendário e continuar,
independentemente das próximas eleições?
Florentino: As coisas se constituem pela repetição. Nós
estamos na 30ª edição do Salão Internacional de Humor do Piauí e esse Salão já
deveria ter sido absorvido pelo poder público no sentido, não de o poder
público fosse dirigir sua realização, porque na verdade o poder público
auxilia, contribui... Você não pode perder a autenticidade do Salão. Mas é
impressionante como nós não tivemos ainda a capacidade, no Estado do Piauí, de
entender que este é um evento que, se foi realizado por 29 edições, é um evento
que a população absorveu. Se ela absorveu esse evento, se ela incorporou-o
dentro de seu calendário, automaticamente as pessoas perguntam “quando é que
vai ser o Salão?”, então nós não podemos ir contra esse movimento. Então eu
quero dizer que aqui em Parnaíba nós, no governo do prefeito José Amiltom,
implantamos aqui a realização do Salão do Livro de Parnaíba – SALIPA, que segue
o mesmo modelo do Salão do Livro do Piauí – SALIPI, que está em sua 11ª edição sendo
realizado em Teresina e o SALIPA teve agora a sua 4ª edição, neste ano, quando
eu tive a oportunidade de assinar um projeto de lei, no encerramento das
atividades do Salão, em que já enviei para a Câmera, e esse projeto prevê que
fica estabelecido a obrigatoriedade da realização anual do SALIPA, que não
poderá deixar de ser realizado sob qualquer pretexto. E estabelece que o SALIPA
deverá ser incluído no plano plurianual e na lei orçamentária anual. Todo os
planos plurianuais vindouros e nas leis orçamentárias anuais. Isso é o que
transforma um evento numa ação integrante de uma política pública. Já o Salão
de Humor não é uma política pública. Ele é uma ação integrante de uma política
pública. E, efetivamente, foi isso que aconteceu com o SALIPA: a partir do
próximo ano ele é um evento obrigatório que tem sua realização inclusive
regulado por lei, que estabelece que ele deverá ser realizado no período
escolar. Então, esse é o passo, com três anos de realização do SALIPA nós o
tornamos uma atividade obrigatória e eu acredito que o Salão de Humor do Piauí
mostrou já que tem um potencial, que é reconhecido nacional e
internacionalmente e às vezes assusta um pouco a gente como é que com 29
edições não houve ainda esse reconhecimento. Mas Parnaíba está muito satisfeita
de tê-lo aqui e nós haveremos de no, próximo ano, ontem mesmo eu já falava com
os organizadores, de termos atividades de planejamento com maior
antecedência... E eu acredito que nós vamos amadurecer muito nesse sentido,
fazer a avaliação do Salão desse ano e, efetivamente, a prefeitura pôde ajudar,
nós fizemos um convênio com a Fundação Nacional de Humor e vamos evoluir no
sentido de que esse Salão também seja uma ação da política pública de incentivo
à cultura no município de Parnaíba.
BA: O Salão surgiu
dentro do Estado, em 1982 e, depois de alguns anos foi criada a Fundação
Nacional do Humor, uma instituição privada que organiza o evento. Como você
enxerga essa relação público-privado, uma instituição privada gerindo recursos
públicos para realizar um evento?
Florentino: Nós temos uma vasta legislação no Brasil que
estabelece a possibilidade de integração de esforços públicos e privados,
principalmente quando você tem de um lado o Estado e de outro uma instituição,
uma fundação que não deve ter fins lucrativos. Então, nessas oportunidades o
instrumento jurídico indicado é o convênio. Na verdade, quando existe um
contrato, se entende que de um lado está o Estado, com o seu objetivo público,
e do outro lado está uma empresa com o objetivo de servir ali ao Estado, mas
mediante a sua remuneração. No convênio, não! A própria terminologia diz que
“convênio” na verdade é uma conjunção de esforços do Estado e da entidade, onde
o Estado, através do Município, da Petrobrás, da Caixa Econômica, ou do Governo
do Estado, esses entes que, de qualquer forma, representam o Estado Latu senso... Eles estão de um lado e do
outro está a Fundação. Então eles financiam a realização do evento e a gerência
desses recursos, nesse caso, é feita pela Fundação Nacional de Humor. O que
ocorre é que esta Fundação, ao final, ela tem de prestar contas das despesas.
A legislação dá amplas possibilidades para esta integração
de esforços entre o Estado e as entidades privadas sem fins lucrativos,
estabelecendo um instrumento, que é o convênio, a normatização daquela relação
é um plano de trabalho que estabelece todas as etapas de realização e de
despesas e ao final tem de haver, obrigatoriamente, senão a instituição fica
inadimplente com o poder público, a prestação de contas. Então a legislação
ampara essas relações do poder público com instituições para a realização de um
objetivo que seja de interesse comum da instituição e do estado. Ora, se nós
temos um evento cultural aberto ao público, sem cobrar ingresso, que a
população tem a possibilidade de absorver cultura, lazer e os alunos de escola
pública vão lá e tem acesso a tudo aquilo, então o objetivo do estado é dar
apoio a esses eventos.
BA: Qual foi o valor
do convênio entre a prefeitura de Parnaíba e a Fundação Nacional de Humor?
Florentino: Foi da ordem de R$ 85.000,00 (oitenta e cinco
mil reais), que a prefeitura repassou à Fundação para que ela pudesse realizar
uma série de objetivos que estão estabelecidos no plano de trabalho do
convênio. Depois da realização do evento, a instituição vai ter um prazo para
prestar contas de tudo isso. Essa prestação de contas será avaliada pela controladoria
geral do município e será aprovada ou não. Em sendo aprovada, a instituição
continua adimplente com o município de Parnaíba. Em não sendo aprovada, fica
inadimplente.
BA: Existem muitas
críticas de artistas teresinenses e premiados do Salão sobre o evento.
Apresentam críticas em rádios e redes sociais, reivindicando problemas da ordem
de pagamentos de serviços e de prestação de contas do Salão. Como a prefeitura
de Parnaíba pretende lidar com isso?
Florentino: A prefeitura não tem nenhuma responsabilidade
com as relações de prestação de serviço estabelecidas pela instituição
realizadora do Salão em data pretérita a realização do Salão de Humor do Piauí
em Parnaíba. Todas essas relações se deram anteriores a instalação do Salão em
Parnaíba. A prefeitura também não tem nenhuma obrigação acessória ou principal
em relação às contratações assumidas pela Fundação Nacional de Humor na
realização do Salão em Parnaíba. A prefeitura, como a Petrobrás, como a Caixa
Econômica, como o governo do Estado, entende que o Salão é importante e por
isso enviou um projeto de lei para a câmara, que aprovou esse repasse de recursos
para a Fundação e a prefeitura celebrou o convênio e vai analisar a prestação
de contas. Mas as obrigações assumidas pela Fundação, são obrigações da
Fundação, tanto as pretéritas quanto as relacionadas à realização deste evento
aqui. Então, nós somos bastante exigentes com relação à prestação de contas. As
prestações de contas da prefeitura de Parnaíba seguem um rito de análise
estabelecido pela legislação federal. Nós temos deveres para com o tribunal de
contas do Estado do Piauí e nós não pudemos negligenciar isso. Eu não estou
fazendo nenhum juízo de valor aqui. Estou dizendo que nós não temos obrigações
contratuais com nenhum executor, nem as edições anteriores, nem nessa edição.
Nossa obrigação era apoiar o evento com recurso, aprovado, inclusive pela
Câmera municipal. Foi isso que fizemos. Agora, a nossa obrigação também é
exigir que haja uma prestação de contas que seja dentro dos parâmetros legais
normatizadas em âmbitos federal e municipal.
BA: A prefeitura tem
um plano voltado para o turismo cultural aqui em Parnaíba?
Florentino: Na verdade, nós estamos no esforço de melhorar
nossa política de desenvolvimento turístico da região. Nós já temos alguns
eventos culturais aqui que fazem parte do nosso calendário turístico. Por
exemplo: o carnaval de Parnaíba é considerado um carnaval autêntico, de escolas
de samba, de blocos organizados, é o carnaval de rua. Eu lhe digo assim, com
muita tranquilidade, que o carnaval de Parnaíba talvez seja o mais autêntico do
Piauí. Aqui você não tem ninguém com abadá, ninguém pagando pra entrar na
avenida. O povo que vai pra lá é que faz sua festa: o pai com a mãe e a
criança, todos fantasiados. São essas expressões que nós temos aqui. Além
disso, a movimentação que nós temos em nossas praias e a riqueza cultural também
com a vinda dos turistas pra cá. Então, esse é um grande evento: o carnaval.
Nós temos ali, por volta de março, abril, durante a páscoa, quando os grupos
culturais de Parnaíba, se reúnem pra encenação desse espetáculo, que é a Paixão
de Cristo. Um espetáculo de cunho religioso, mas que nós não podemos deixar de
considerar, que pela aglomeração de pessoas que são atraídas por esse evento e
pela quantidade de artistas que se congregam nesse momento, nós não podemos
deixar de considerar esse evento dentro do nosso calendário cultural.
Nós temos no mês de junho, os Folguedos, que nós denominamos
Festival São João da Parnaíba, onde nós unimos os grupos de quadrilha e os
grupos de bumba-meu-boi, num evento que a cada ano tem uma dimensão maior e que
isso precisa ser pesquisado também, precisa ser analisado. Como aqui no
Catanduvas, no rei da boiada, nós temos um boi que há 50 anos faz festa da
morte do boi, então, como é que essa organização sobreviveu todo esse tempo?
Como é que ela está nesse momento de modernidade? Como está se organizando?
Como é que mantem viva uma coisa extremamente vinculada à tradição? E, nesses
50 anos, o apoio do poder público pra essas organizações vem sendo feito apenas
nos últimos 7 ou 8 anos. Então a sobrevivência dessa manifestação sem o apoio
foi durante um período muito largo.
Então esses eventos, são aqueles que, junto ao SALIPA, fazem
parte de um calendário turístico cultural. Nesse momento, nós estamos com uma
superintendência de turismo verificando, avaliando, fazendo um diagnóstico para
que a gente possa melhorar esse calendário. Quero reconhecer pra você que
Parnaíba tem duas deficiências muito grandes na questão de ter um calendário
cultural aqui, de um calendário de eventos. Primeiro: a falta, a inexistência
de um centro de convenções, de um centro de eventos. Em Parnaíba você tem
dificuldade de realizar um evento que venha a congregar 400 ou 500
expectadores. Isso é uma dificuldade que nós não temos como omitir. O que nós
temos feito pra minimizar essa dificuldade? Utilizar o espaço do Porto das
Barcas. Um lugar onde nós temos auditório, temos um centro de eventos, a área
das ruínas, e aquilo a gente utiliza de maneira que venha minimizar essa
ausência. Mas a outra grande deficiência daqui é a falta de um teatro. Uma
cidade que tem 169 anos (como cidade!). Uma região que tem 302 anos de
povoamento. Uma região que na época colonial já tinha um movimento cultural com
a Orquestra dos Negros, fundada por Simplício Dias, e com outras expressões
culturais. Uma cidade que teve uma efervescência cultural que inclusive motivou
os movimentos libertários da independência do Piauí, essa cidade, hoje, ainda
não tem um teatro. Então isso é preocupante! Não temos centro de eventos...
Abdiquemos do centro de eventos, mas vamos ter um teatro! Se nós queremos um
calendário que seja turístico e cultural nós não podemos pensar nisso sem
pensar essas duas questões, que são cruciais que eu estou contemplando
enfrentar no meu governo. Não podemos considerar a questão do calendário sem
considerar a estrutura. Nós temos de ter uma infraestrutura cultural. Não
existe possibilidade de uma infraestrutura cultural sem local para realizarmos
os eventos, não é verdade?
BA: Já que estamos
falando sobre infraestrutura, conversado com alguns convidados do Salão, eles
comentaram a dificuldade de se locomover na cidade: o sistema público de
transporte. Como você enxerga essa questão do transporte público, se é um
problema?
Florentino: Nós temos que dividir a resposta em dois
aspectos: 1) A dificuldade de se chegar em Parnaíba. Qualquer evento que você
vá realizar em Parnaíba, ou qualquer evento de companhia, ou de teatro ou
qualquer outro artista que queira vir para Parnaíba, ele tem de fazer um
planejamento que inexoravelmente vai passar por São Luís, Teresina ou
Fortaleza. Ele vai ter de vir por uma dessas cidades, de avião ou locar um
carro de lá até aqui. Isso, no calendário cheio de atividades dessas pessoas,
que em um dia estão em um local e no outro dia elas já estão participando de evento
em outro local, isso torna difícil porque, na verdade você precisa de pelo
menos 8 horas para que o turista esteja se deslocando para Parnaíba. 8 horas! 4
horas de carro na estrada, vindo e voltando. Isso a gente sabe que é um
complicador. Então a primeira questão que nós temos que considerar é que nós
temos dificuldade de trazer pessoas para Parnaíba, em razão da falta de voos
regulares para o aeroporto de Parnaíba. Nós temos um aeroporto com, talvez, as
melhores condições do nordeste. Temos uma pista com condições similares à de
Fortaleza e à de São Luís e uma pista de pouso e decolagem que, na verdade, é
melhor que a de Teresina. Mas nós não temos voos regulares. O que é que a
prefeitura tem feito? Temos dialogado com as empresas aéreas e temos sentido
que é possível constituir isso com um incentivo tributário, no ICMS, que incide
sobre o abastecimento. Cabe ao governo do Estado, e existe toda uma discussão
hoje em torno disso, para que a gente viabilize voos para Parnaíba.
No segundo aspecto, nós vamos adentrar a questão da
mobilidade urbana, que não é um problema de Parnaíba, é uma problema do Brasil,
das médias e grandes cidades do Brasil. É um problema em Parnaíba, Belo
Horizonte, São Paulo. O que ocorre em Parnaíba é que este problema é agravado
pela falta de um sistema de transporte coletivo. Está em execução uma licitação
para o município escolher os licitantes que venham a ganhar as linhas de
transporte coletivo, mas essa licitação está suspensa por ordem judicial em
razão de uma ação movida pelos atuais exploradores desse sistema, que é o de
transporte alternativo que existe na cidade. Então, é uma situação hoje
conflituosa que não está resolvida e que nós estamos enfrentando. Nós
enfrentamos, neste ano, 6 audiências públicas na Prefeitura. Nessas audiências
nós discutimos com vários segmentos da sociedade sobre transporte e estamos
elaborando um projeto que seja alternativo a esta resolução que hoje está
suspensa em razão de decisão de ordem judicial. Mas o problema existe e nós
estamos enfrentando judicialmente, tomando as medidas cabíveis no âmbito
judicial, e enfrentando administrativamente, buscando alternativa pra essa
situação.
BA: Voltando a falar,
especificamente, do Salão de Humor. Como você enxerga a vinda do evento de
Teresina para cá, Parnaíba?
Florentino: Eu acho extremamente importante para a cidade.
Eu tenho a compreensão de que o Salão vai contribuir para o calendário
turístico e cultural de Parnaíba, eu acho que é muito importante que a gente
tenha mais oportunidade de estar congregando aqui artistas piauienses e
artistas de renome nacional e internacional. É muito difícil você julgar ou
avaliar uma atividade quando ela ainda está sendo realizada, hoje é o último
dia de Salão. Eu acho que, depois, tem de haver uma reunião de avaliação para
que possíveis fragilidade desse ano não ocorram nas demais edições e para que
se comece a esboçar um planejamento do Salão para os próximos anos. Então eu
vejo como extremamente positiva, agora nós temos sempre de perseguir e buscar
uma excelência que só vamos conseguir com maturidade para reconhecer os
problemas, com vontade para resolver esses problemas e, acima de tudo, com a
compreensão da importância do evento e que ele possa se perpetuar no calendário
turístico e cultural da nossa cidade.
BA: Eu gostaria de
agradecer e deixar o espaço para citar algo que considere importante para
concluir e que eu não tenha perguntado.
Florentino: Ontem me foi perguntado por um jornalista de
Teresina, se essa vinda do Salão pra cá participava de alguma rivalidade era
Parnaíba e Teresina. Eu disse pra ele que não vejo a existência de rivalidade
entre parnaibanos e teresinenses. Eu acho que teresinenses e parnaibanos, hoje,
lutam a cada dia pelo desenvolvimento do Piauí. Não há como negar a importância
do trabalho de Teresina e dos teresinenses para o desenvolvimento do Piauí,
como não dá para negar a importância do trabalho e do esforço de uma cidade que
está buscando de todas as formas lícitas de motivar seu para se desenvolver,
tanto é que a cidade que mais cresce hoje no Piauí é Parnaíba. Então Parnaíba e
Teresina, como todas as cidades do Piauí, lutam para o desenvolvimento do
Estado. Agora, em um Estado como o nosso, carente de manifestações culturais,
nenhum de nós pode ficar satisfeito de um evento se deslocar de um local para
outro. Então, o que eu quero e vou lutar é pela permanência do Salão
Internacional de Humor em Parnaíba, mas eu acho que a maturidade, a temperança,
a tranquilidade o planejamento vai permitir que se tenha também uma edição do
Salão em Teresina. Eu espero que isso venha a acontecer. Eu acho que o Estado
não cresce deslocando as coisas. A gente cresce quando, efetivamente, a gente
democratiza, leva o evento pra mais de um lugar. Não quero ser exclusivista.
Nós temos de entender que recebemos de braços aberto e estamos muito felizes de
receber o Salão de Humor em Parnaíba, mas nós também temos a compreensão de que
a população de Teresina adotou e trouxe até hoje, por 29 anos, o Salão. Então
eu defendo, intransigentemente, os direitos da Parnaíba, as cores da Parnaíba,
a história da minha cidade e vou defender o Salão em Parnaíba, mas eu não deixo
de reconhecer o povo de Teresina e que a cidade de Teresina também merece uma
edição, porque o Estado não cresce transferindo as coisas. O estado cresce
quando a gente democratiza. Que bom que seja em Parnaíba, o Salão. Mas que bom
também seria que se tenha um Salão em Teresina, Picos, Floriano... Eu acho que
cabe ao Governo do Estado pensar num formato que possa democratizar mais isso,
porque é um esforço muito grande, todo esse material que está aí na praça, que
está sendo produzido nas oficinas, é um esforço hercúleo para que se tenha só
uma edição.
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