(por Bernardo Aurélio)
Quando a lua está alta no céu
E o velho monge desce devagar
Seu corpo surge no véu da noite
Seus olhos assassinos procuram pela vítima,
Procuram pela inocente Maria.
Seus passos descendo a rua escura
Na noite, a solitária criatura.
Muitos anos atrás
A maldição de uma mãe
Caiu sobre sua criança:
“Viverá para sempre no rio!
Até que sete garotas tenha matado,
Maldito filho ingrato!
Não verá mais a luz do sol.
Não entende o amor de uma mãe.
Um monstro que merece esse fim!
Você destruiu minha vida
Tornou real nossa pobreza
Não pode viver com isso
Doente e faminto, ódio e loucura
Você levantou sua mão sobre mim!”
Anos depois, seis garotas
Mortas em gritos e sangue
Quando a sétima cair ao luar
Será o fim da maldição
Basta mais uma cair e sangrar
Com seus livros sobre o peito
Sob a pele pulsa o sangue fresco
Esperando o ônibus, mas é tão tarde
Tão tarde para a pequena menina.
Correndo rua abaixo
Faminto de horror
Ele quer devorá-la
Sangue, suor e pavor.
Cante, cante, menina.
Cante, cante, Maria.
Cante o grito da dor
Liberte Crispim
Liberte Crispim sofredor.
A lua brilha vermelha esta noite.
Seu ódio e fome diminuem
O vento sopra tão forte como açoite
Sua mãe está no inferno, saciada
Crispim não é mais o mesmo
O rio não é mais sua casa amaldiçoada
Mas Crispim não tem mais opção
Seus olhos são como o brilho da lua
A oitava vítima virá logo.
Banhará de sangue novamente a rua
É sua herança, é tudo que tem.
É o que arde no peito.
É fogo.
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