A década de 1990 é famosa por conta
dos seus quadrinhos ruins. Toda uma geração que foi criada por desenhistas como
Rob Liefeld e seus genéricos, sagas intermináveis e estragadas (como os clones
do Aranha) e capas metalizadas pra vender mais X-men sem conteúdo. Entretanto,
é uma década que nos proporcionou duas obras divisoras de águas na história dos
quadrinhos de super-heróis: Marvels e Reino do Amanhã.
As duas obras foram desenhadas
por Alex Ross, que imortalizou seu nome na indústria depois disso. Marvels foi
feito em parceria com Kurt Busiek e Reino do Amanhã com Mark Waid. A primeira
conta o passado do universo Marvel, a segunda é sobre o futuro do universo DC.
Durante muito tempo me perguntei qual das duas era a melhor e percebi que, para
além de estereótipos do tipo “marvete” ou “decenauta”, definir isso envolvia
outras sensibilidades.
Marvels é de 1994 e Reino do
Amanhã foi lançada dois anos depois. Um olhar cuidadoso percebe que Alex Ross
melhorou significativamente sua técnica de pintura. A arte parece mais bem
feita. Reino do Amanhã também possui cenas mais impactantes, com lutas épicas,
além de um clímax de tirar o fôlego. Talvez seja uma das melhores histórias de
super-herói de todos os tempos com um tema muito relevante: os velhos mitos
ensinando como continuar sendo “heróis” à nova e despreparada geração. Uma
história sobre aprender com os velhos.
Marvels, por ser uma minissérie que
se passa em 4 tempos diferentes do universo Marvel, possui sua continuidade cronológica,
mas não tem um “crescendo” que culmine em um grande momento, como acontece no exemplo da editora DC. Diferente de Reino do Amanhã, que tem nos míticos Superman, Batman,
Mulher Maravilha e Shazam os protagonistas, Marvels conta a história sob a
perspectiva dos humanos normais, de um repórter fotográfico chamado Phill
Sheldon, que registra a passagem das “maravilhas” pela Terra, desde o Tocha
Humano e Namor dos anos 40 até o Homem-Aranha dos anos 70, passando pela paranoia
anti mutante do final dos anos 60. Trata-se de um registro histórico que os
senhores Alex e Kurt observaram cuidadosamente, vasculhando os detalhes do
universo Marvel, tendo as publicações da época como verdadeiros
documentos-fonte.
Decidir se você gosta mais de
Reino do Amanhã ou de Marvels é dar preferência a um de dois gêneros
diferentes. O gênero de ambos esses quadrinhos não é exatamente “super-herói”.
Reino do Amanhã tem seus heróis mitológicos e suas grandes lições e maneira
épica de ver a vida. Marvels é uma história humana numa maneira moderna e
cotidiana de ver a vida, por mais incrível que ela possa parecer.
De certa forma, essas obras significam ou representam bem a linha editorial de onde foram criadas. Marvel e DC. Mais humano, mais mítico.
Então, que tipo de narrativa você
prefere: o épico aventureiro fantástico ou moderno cotidiano histórico?
2 comentários:
Tenho dificuldades em responder qual das duas foi melhor, por "n" motivos além dos que você mencionou. À época eu era mais "DCnauta" e por isso, talvez, eu possua uma tendência a elogiar mais "O Reino do Amanhã". Também destacaria o fato de ser uma história não contada, inserindo novos (e resgatando outros) muitos heróis da editora.
Porém, as duas narrativas sendo montadas como se fossem do nosso cotidiano, vide a quantidade de "easter-eggs" contida nas histórias (a revista Wizard enumerou cada uma), como Lois e Clark aparecendo em MARVELS e um pôster da Bjork em O REINO DO AMANHÃ, tornam muito mais empolgantes a quem lê.
Possuo as duas em lançamentos originais e em encadernados, sendo as primeiras edições mais que preferidas da minha coleção.
rapaz.
Independentemente de qual das duas é a melhor, concordo em gênero, número e grau que as duas são diamantes dos anos 90. O diferente, tanto em arte quanto em história.
São minisséries que elevaram as HQs, mostrando, como obras dos senhores Gaiman e Moore que não se trata apenas de literatura menor, feita pra crianças.
Acima de tudo o lado humano é o que mais chama atenção nas duas. Uma visão bem diferente da que estávamos acostumados.
Nelas os protagonistas são pessoas comuns, que dão suas impressões sobre um mundo cheio de "deuses" pra todos os lados.
Seria uma loucura sem tamanho...
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