A coisa toda
começa ruim pelo título. Um trocadilho infeliz com “Estrada para a Perdição”,
quadrinho que foi adaptado para cinema em um longa com Tom Hanks, tão bom que
não merecia essa “homenagem” (imagino que a ideia infeliz foi de algum tradutor
da Panini ou Salvat, que deve ter achado genial). Neste quadrinho sobre um
Motoqueiro Fantasma tentando fugir do inferno, onde é eternamente caçado por
uma horda destruidora, que, diariamente, trucida seu corpo fumegante, parece
que Garth Ennis (Preacher) está na pior fase de sua carreira.
É uma história
boba, que se esforça em chocar com cenas fortes de corpos sendo mutilados e
explodidos. Não se trada da mutilação em si ser ruim, o problema é ela ser
completamente desnecessária, não acrescentar nada na “trama” da história, como,
por exemplo, em toda a sequência onde aparecem membros da Klu Klux Klan
sendo explodidos. E até mesmo quando vemos um anjo e um demônio lutando e
usando o corpo de dois soldados como armas (que poderia ser bem legal) é
completamente estragada pela arte ruim de Clayton Crain. Aqui eu abro um
parêntese para dizer que Crain pode até ser um bom ilustrador ou capista, mas
acredito que um editor inteligente, depois de ver o que fez nessa HQ do
Motoqueiro, não daria novamente um título mensal para ele. As páginas são
extremamente confusas, escuras demais, com diagramação ruim além de ser dono de
um desing sofrível, tanto para
equipamentos (como a cadeira de rodas de um dos personagens principais) como
para o demônio vilão da história, que não passa de um monte de carne desconexa.
Voltando a
falar mal de Ennis, ele recheia a história com personagens descartáveis, como o
“bunda-na-fuça”, que de tão intragável me faz começar a ter raiva até do
“Cara-de-cu” (esse sim, um personagem bacana, criado por ele em Preacher. Só fiz a comparação porque existe certe semelhança semântica) ou o padre Adam,
recrutado (pelo céu ou pelo inferno? nem lembro mais) para dar cabo do
Motoqueiro Fantasma...
Nem a
escatologia típica do Ennis, nem seu texto pagão, criticando Deus e o Diabo,
conseguem salvar “Estrada para a Danação”. O autor coloca anjos e demônios na
mesma balança, numa tentativa infantil de anular o maniqueísmo de sua obra.
Parece um adolescente ateu tentando chocar os pais ortodoxos.
É extremamente decepcionante alguém escolher uma história como essa para colocar no que chamaram de “coleção oficial de Graphic Novels da Marvel”... Will Eisner, que cunhou o termo graphic novel, deve estar se revirando no túmulo.
É extremamente decepcionante alguém escolher uma história como essa para colocar no que chamaram de “coleção oficial de Graphic Novels da Marvel”... Will Eisner, que cunhou o termo graphic novel, deve estar se revirando no túmulo.
No único
momento que vale a pena do quadrinho, tem um anjo sentado na lua olhando para a
Terra cheia de humanos e diz: “devíamos ter ficado com os dinossauros”. Então vejo minha situação, sentado na cama, olho pra esse álbum da Salvat e penso: “devia ter lido
minha Tex”.
P.S: Quase tão
ruim quanto Guerra Secreta, de Brian Bendis.
4 comentários:
Vou comprar essa não.
Devia fazer resenha de todas as que a Salvat tão publicando.
Essa é só minha opinião, Caio... Estamos vendendo aqui na Quinta Capa. kkk
MUITÉ BOM
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