Uma experiência particular
“Recentemente, estou lendo Tex”.
É o que vou dizer a partir de agora. Sou dono de uma livraria especializada em
quadrinhos e, eventualmente, perguntam-me o que estou acompanhando,
colecionando e, bem, tem se tornado difícil responder porque não tenho tido sorte
com os títulos que gostava.
De mangás, eu colecionava
Evangelion, Sanctuary e Blade. E eles tiveram certos problemas. Evangelion é
uma novela para terminar, com uma edição sendo lançada por ano. Sanctuary e
Blade foram canceladas pela editora Conrad e não há nenhuma promessa no horizonte para voltarem às bancas. Nos comics, de forma geral, colecionava Vertigo, mas aí veio o reboot
da editora DC e todo decenauta sabe que os “novos 52” acabou de vez com o selo
Vertigo e enterrou o Constantine. Uma dedução rápida pra vocês: Constantine NÃO
É Hellblazer. Liga da Justiça Dark é uma PORCARIA sem tamanho. A revista mensal
“Vertigo” acabou na edição 51 e a única coisa que a salvava era Escalpo e, vez por
outra, Vampiro Americano. Homem-Animal e Monstro do Pântano, publicados em
encadernados, são demasiadamente medianos... Uma das minhas mais longas coleções
é Mágico Vento, com mais de 150 edições publicadas e que eu acompanhava
religiosamente, mas que o autor decidiu encerrar.
(Constantine em Liga Dark. É disso que estou falando: grande merda!)
De maneira que eu praticamente
parei com periódicos, porque os mensais da Marvel e DC há tempos eu deixei de
lado e os mangás que poderiam valer a pena meu irmão já coleciona. Então eu
compro a coleção Salvat, pra talvez salvar minha alma de um algum débito
superheroico, além de aumentar minha coleção com edições especiais pra livraria
de vários gêneros, de Eisner a Joe Sacco, de Manara a Mutarelli. Mas o que
comprar mensalmente? Como continuar sentindo o gostinho da periodicidade que
mantém o mercado de quadrinhos aceso por tantas décadas? Onde achar algo que
valha a pena?
Recentemente, um amigo me deu uma
edição ensebada de Tex Ouro nº4 e disse que eu deveria fazer melhor proveito
dela. Já li alguns Tex. Normalmente as edições gigantes. Até tenho algumas, que
seleciono por conta do desenhista, como a assinada pelo John Buscema e outra
pelo Ivo Milazzo... nunca por conta do Tex em si... Mas, poxa! O cowboy texano
está nas bancas há tanto tempo! Tem de haver algo de muito especial nele. Eu já
venho do mundo bonneliano desde Dylan Dog, Ken Parker e Mágico Vento, mas hoje
sou órfão dos três que não estão mais nas bancas, por isso, vou dar uma chance
para o ranger de amarelo e sabem
porquê? Simplesmente porque é bom! As tramas são boas, as histórias são
fechadas, a continuidade não atrapalha praticamente em nada, apesar do título
mensal já ultrapassar a casa de 5 centenas de edições, e os desenhistas, praticamente
todos, são, no mínimo, muito competentes. Alguns são maravilhosos.
Agradeço ao amigo (valeu,
Felipe!) que me deu Tex Ouro nº4, mas o grande motivo para me tornar
colecionador a partir de agora foram as edições 535 e 536 que peguei na banca
semana passada. Ambas, brilhantemente desenhadas pelo genial Frisenda, antigo
conhecido das páginas do Xamã Sioux Ned Ellis, vulgarmente conhecido como
Mágico Vento. Por isso, com a certeza de não errar, “estou lendo Tex”, um
verdadeiro Rei nas bancas do Brasil e do mundo. Rex Tex!
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