segunda-feira, 28 de julho de 2014

Como ser colecionador nos dias de hoje?

Uma experiência particular


“Recentemente, estou lendo Tex”. É o que vou dizer a partir de agora. Sou dono de uma livraria especializada em quadrinhos e, eventualmente, perguntam-me o que estou acompanhando, colecionando e, bem, tem se tornado difícil responder porque não tenho tido sorte com os títulos que gostava.

De mangás, eu colecionava Evangelion, Sanctuary e Blade. E eles tiveram certos problemas. Evangelion é uma novela para terminar, com uma edição sendo lançada por ano. Sanctuary e Blade foram canceladas pela editora Conrad e não há nenhuma promessa no horizonte para voltarem às bancas. Nos comics, de forma geral, colecionava Vertigo, mas aí veio o reboot da editora DC e todo decenauta sabe que os “novos 52” acabou de vez com o selo Vertigo e enterrou o Constantine. Uma dedução rápida pra vocês: Constantine NÃO É Hellblazer. Liga da Justiça Dark é uma PORCARIA sem tamanho. A revista mensal “Vertigo” acabou na edição 51 e a única coisa que a salvava era Escalpo e, vez por outra, Vampiro Americano. Homem-Animal e Monstro do Pântano, publicados em encadernados, são demasiadamente medianos... Uma das minhas mais longas coleções é Mágico Vento, com mais de 150 edições publicadas e que eu acompanhava religiosamente, mas que o autor decidiu encerrar.

(Constantine em Liga Dark. É disso que estou falando: grande merda!)

De maneira que eu praticamente parei com periódicos, porque os mensais da Marvel e DC há tempos eu deixei de lado e os mangás que poderiam valer a pena meu irmão já coleciona. Então eu compro a coleção Salvat, pra talvez salvar minha alma de um algum débito superheroico, além de aumentar minha coleção com edições especiais pra livraria de vários gêneros, de Eisner a Joe Sacco, de Manara a Mutarelli. Mas o que comprar mensalmente? Como continuar sentindo o gostinho da periodicidade que mantém o mercado de quadrinhos aceso por tantas décadas? Onde achar algo que valha a pena?




Recentemente, um amigo me deu uma edição ensebada de Tex Ouro nº4 e disse que eu deveria fazer melhor proveito dela. Já li alguns Tex. Normalmente as edições gigantes. Até tenho algumas, que seleciono por conta do desenhista, como a assinada pelo John Buscema e outra pelo Ivo Milazzo... nunca por conta do Tex em si... Mas, poxa! O cowboy texano está nas bancas há tanto tempo! Tem de haver algo de muito especial nele. Eu já venho do mundo bonneliano desde Dylan Dog, Ken Parker e Mágico Vento, mas hoje sou órfão dos três que não estão mais nas bancas, por isso, vou dar uma chance para o ranger de amarelo e sabem porquê? Simplesmente porque é bom! As tramas são boas, as histórias são fechadas, a continuidade não atrapalha praticamente em nada, apesar do título mensal já ultrapassar a casa de 5 centenas de edições, e os desenhistas, praticamente todos, são, no mínimo, muito competentes. Alguns são maravilhosos.




(Detalhes de Tex, pelo desenhista Frisenda)

Agradeço ao amigo (valeu, Felipe!) que me deu Tex Ouro nº4, mas o grande motivo para me tornar colecionador a partir de agora foram as edições 535 e 536 que peguei na banca semana passada. Ambas, brilhantemente desenhadas pelo genial Frisenda, antigo conhecido das páginas do Xamã Sioux Ned Ellis, vulgarmente conhecido como Mágico Vento. Por isso, com a certeza de não errar, “estou lendo Tex”, um verdadeiro Rei nas bancas do Brasil e do mundo. Rex Tex!





Nenhum comentário: