quinta-feira, 31 de março de 2016

ASSISTI BvS: e o filme é bom!


(cheio de spoiler)

Verdade seja dita: BvS é muito melhor do que as críticas negativas dizem.

O filme tem problemas, sim! Mas vou tentar focar nos pontos positivos.

Ele precisa continuar de onde Man of Steel (MoS) terminou, mas corrige detalhes que me incomodou bastante naquele filme: a falta de kriptonyta e a fraqueza do Superman diante da mudança de gravidade (!). Simplesmente ignoraram isso da gravidade! Menos mal!

O filme é bonito de ver e é cheio de simbolismos, e é preciso procurar assistir ao filme através de atos simbólicos. Por exemplo: um amigo reclamou que o Super chegou falando: “Bruce, me escute! Não vamos lutar!”. Quer dizer, eles simplesmente poderiam ter conversado e a luta do título nunca ter acontecido, entretanto, o filme fala o tempo todo sobre a necessidade do “deus” conversar com os humanos, que é assim que a democracia se faz, e quando, finalmente, o Super chega pra conversar com o Batman ele não consegue, porque os homens não ouvem “deus”. Existem simbolismos menos discretos, como a cena do Super salvando uma família em cima de um telhado, ou a descida de “deus” junto aos “mortais” no dia dos mortos mexicano. O filme é repleto disso. Em dias quando MadMax é elogiado pela crítica que ressalta o não dito, BvS merecia melhor recepção.

Alguém me disse que o filme era uma boa adaptação antes de eu ver ao filme. Eu desdenhei porque, como poderia ser, se sabia que tratava-se de uma colcha de retalho de Cavaleiro das Trevas, Injustiça e Morte do Superman? Evidentemente, existem problemas cronológicos se pensarmos em uma adaptação fiel para essas três obras em um único filme, mas o fato é que existem cenas e falas recortadas e coladas do quadrinho para o filme além de outras fidelidades, como o próprio Apocalipse, que não é o personagem que esperávamos, mas em essência ele está lá: um ser que não morre e que evolui a cada adversidade que enfrenta e que fez o que estava destinado a fazer quando aparecesse em um filme: matar o Super!

Sobre a morte do Super, ela corrigiu um problema latente do personagem: a negação do mito. O filme fala sobre o medo do diferente e muitos tinham medo do Super, ele não tinha o carisma necessário para a gradar a população. Mas a sua morte lhe traz a redenção e a recompensa: torna-se experiente e o ícone que merece ser. Em termos de cinema, essa é sua linguagem mais pura, a própria jornada do herói.

Lex é um grande vilão com uma motivação muito válida (editado: alguém me questionou depois: que motivação é essa? É aquilo que, no fundo, esperamos do Lex: provar que a humanidade não precisa de um "deus" andando entre nós). Em alguns momentos, parece muito exagerado, mas o ator segura a onda e mostra a que veio: Superman ajoelha-se diante dele e nem precisa de kriptonyta para isso.

Você não pode dizer que falta coração ao filme, Kevin Smith, desculpe! (editado: e ele se corrigiu no dia seguinte ao que publiquei este texto, retificando sua opinião) O Batman do Afleck é tão atordoado, mesmo 20 anos após iniciar sua jornada como herói, que abandonou a mansão dos Wayne. Ver aquela mansão abandonada e um Bruce mulherengo e bebendo álcool é realmente assustar-se diante de um herói mais soturno e em fim de carreira, que sofre num mundo onde ninguém permanece bom: talvez por isso ele mate tanto no filme, mas não vou defender isso, porque é algo que não gostei no filme. E as mortes não foi apenas no “sonho” ou na “batnave”, o próprio Batcarro saiu matando todo mundo com tiro de canhão numa cena completamente desnecessária (afinal, ele havia atirado um detector no caminhão onde estava a Kriptonyta que ele queria roubar, o que ele fez depois, sem matar ninguém, tão facilmente que nem é mostrado no filme).

O Super até sorri uma vez, salvando a Lois, na África. Quando isso aconteceu, bem no começo do filme, parece até que o uniforme ficou mais azul e uma áurea surgiu ao redor dele (ok! Isso foi bem gay!), mas é uma prova de que no filme da Liga tudo vai ser mais feliz, porque os problemas com o personagem passaram com sua morte e ele poderá sorrir mais, junto com os superamigos.

Outro amigo falou que o mundo real em sépia do Nolan/Snyder quer ser tão crível que não nos permite acreditar no sonho do mundo colorido que o Super deveria representar. Acredito que este filme fale justamente disto. É sobre isso que Super e Lois conversam naquela janela, sobre esse sentimento de que ele não deveria existir e o filme nos faz querer acreditar neste herói, utilizando o lado mais passional de cada um de nós: amar aquele que se sacrifica por nós e amar aquele estranho que não é tão estranho assim quando descobrimos que ele tem e ama uma mãe, como todos nós.

Unanimidades: a trilha sonora é incrível (Não nos abandone Hans Zimmer!) e a Gal Gadot calou a boca de todo mundo.

O filme merece uma nota 7 com facilidade porque possui mais acertos que erros. Acho que Zack Snyder merece continuar no time (editado: afinal, se Nolan cometeu o Batman 3, Snyder deveria concluir seu Super no próximo filme).

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Depois de escrever este texto, alguém me marcou neste vídeo. Assistam:


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