quinta-feira, 16 de junho de 2011

Vikings e o Local de Brian Wood



Há mais de um ano é publicado na revista mensal Vertigo o título Vikings (Northlanders, no original), de Brian Wood. Eu já conhecia o autor de outra obra chamada Local, editado em dois volumes pela Devir há alguns anos. Lembro que gostei de Local. Tratava-se de uma reunião de contos urbanos, onde uma garota decidida a cair na estrada passava por aventuras cotidianas pelas cidades que atravessava. Cada cidade tinha um clima diferente, uma personalidade e, em algumas vezes, a garota era apenas um coadjuvante. Local tem seus altos e baixos, mas eu recomendo...



Em Vikings, Brian Wood muda o cenário completamente, mas mantém a fórmula de centralizar o enredo em torno da importância do lugar onde se passa a história. Vikings também funciona como contos, a diferença entre esse e Local é que os contos em Vikings se estendem por várias edições, em arcos fechados e independentes entre si... O problema é que, às vezes, os contos não funcionam e se alongam além do necessário. Ou então a história é fechada em uma única edição, como aconteceu em Vertigo nº 17, mas se desenvolve de maneira irritante, com um monte de caixas de textos descompassados com uma cena de luta entre duas pessoas que durou, desnecessariamente, todas as 22 páginas da edição. Novamente, Brian Wood se mostra um bom autor, mas com seus momentos...



Brian também é autor de ZDM (lançado pela Panini em edições luxuosas), mas ainda não li. Sei que o plot da obra gira em torno da ilha de Manhanttan que se torna uma zona militarizada. Me parece mais uma prova de que Brian dá mais importância para o cenário em suas histórias do que para os personagens. Isso é uma característica diferencial.

Recentemente descobri que Vikings será cancelada nos Estados Unidos, na edição 50, para desespero de alguns fãs. Vários são os motivos para o cancelamento de uma revista e, nesse caso, acredito que a qualidade dela não foi levada em consideração. Muitas boas revistas tem baixas vendas e algumas porcarias vendem muito bem, obrigado! Acho que o cancelamento se deve, principalmente, por causa da reformulação que a DC, sua editora original, está sofrendo, passando o rodo geral e cortando vários títulos, mais de 20. O que quero dizer é que há quem goste e que a obra será fechada em 50 edições e, espero que a editora Panini repense o título, tirando-a da revista Vertigo e lançando-a em encadernados para quem realmente fará proveito disso, como fez com alguns arcos de Hellblazer.

Ponto fraco: Brian Wood escreve em 6 edições o que poderia ter feito em 1 ou 2.

Nota 7.5

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Lobo Solitário



Nos dias de hoje, com tantos mangás nas bancas, é muito difícil você escolher um pra começar a ler... Na dúvida, escolha um clássico. Foi o que eu fiz. Depois de muito tempo de costas deitadas na rede terminei os 28 volumes com (300 páginas cada!) de Lobo Solitário, que a editora Panini começou a publicar ainda em 2004.



A obra é, originalmente, da década de 70 e ajudou a definir o que chamamos hoje de Gekigá, que seria o quadrinhos japonês com temáticas adultas. Os culpados são Kazuo Koike (roteiros) e Goseki Kojima (desenhos). Essa dupla criou cenários e histórias diversas em torno de um samurai (Itto Ogami), que teve sua mulher assassinada, e seu filho (Daigoro) em busca de sua vingança inabalável contra a família Yagyu.

Lobo Solitário não possui roupas coloridas nem super poderes de samurais ou ninjas. Não busca a fórmula fácil do sucesso, apesar de usar a figura imponente do samurai e sua famosa honra como argamassa de todos seus enredo. É uma obra gigante que não se preocupa com linearidade e busca sempre novos temas a serem abordados.


Kazuo Koike é, na minha opinião, de tudo que eu já li de quadrinhos, o maior contador de histórias que conheço. A variedade de assuntos trabalhados em sua obra é de impressionar. Muitas vezes, a vingança dos Ogami contra os Yagyu é esquecida e mergulhamos profundamente nos personagens secundários: a geixa, o monge, o lavrador, o pescador, o ladrão... Ou mesmo a criança (Daigoro), perdida em seu silêncio tranqüilizador, é protagonista das histórias mais bonitas e emocionantes da obra.



Lobo Solitário é um título que merece ser lido devagar, com toda a calma que uma rede na varanda pode oferecer. Leia com atenção e entenda que a pétala de cerejeira que cai lentamente no lago demora o tempo que é necessário para você desfrutar quadro a quadro o espaço que ela ocupa naquela página.

Respire fundo e leia como se estivesse meditando.

Nota 10!

Ponto fraco: Acabou!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

sexta-feira, 3 de junho de 2011

10 anos de Evangelion no Brasil



Recentemente deitei minhas costas preguiçosas numa rede da varanda e pus-me a ler todas as 24 edições de Neon Genesis Evangelion. Era uma série que eu tinha parado de ler na nº 17, mas que vinha adquirindo as novas sempre que chegavam à banca. Parei na 17 por causa de um problema simples: a publicação nacional acompanhou a japonesa e o autor (Yoshiyuki Sadamoto) só lança um volume por ano (o que dá duas edições brasileiras). Depois disso, desde a revista de número 20 a Conrad passou por questões editoriais delicadas e não vinha lançando mais nada. Resumo da ópera: a editora JBC lançou os 4 últimos números.

Deitei-me. Pus-me a ler. É incrível como o título me prendeu mais do que em 2001! Completará 10 anos desde que a 1ª foi lançada aqui em novembro daquele ano! A garotada que começou a ler mangá curtindo Naruto não imagina a euforia de leitores como nós naquele começo de década. Naquela época tínhamos basicamente Dragon Ball nas bancas e a promessa de uma editora em ascensão (a própria Conrad), que pouco depois colocaria Vagabond e One Piece nas bancas. O fato é que Evangelion vinha com a carga de ser uma das principais séries lançadas na década de 90. Foi um rebuliço no meio. Robôs gigantes, Anjos, Deus e garotas de colante (uma loira de vermelho e outra de cabelo curto azul)!

Os personagens principais da série são adolescentes pilotos dos grandes robôs chamados Evas, que teriam sido construídos a partir de Adão, que seria um anjo que teria caído na terra em 2000 causando o que foi chamado de “segundo impacto”, que dizimou metade da população da terra em desastres naturais, terremotos, maremotos e aumento do nível do mar. Shinji Ikari, o “herói”, sempre foi um chato de carteirinha e muita gente odeia a série por conta dele: um depressivo com grande potencial suicida que se arrasta pelos cantos. Rei Ayanami que, de tão insossa (apesar de sexy), faz o Shinji parecer um cara super descolado. E Asuka Langley, com distúrbio de dupla personalidade daria inveja àquela loirinha de Beleza Americana, que se acha uma femme fatalle mas não passa de uma criança com seios desenvolvidos. Típica adolescente “atiradinha”.



Muitos dizem que é uma série super cabeça, enfadonha e que Shinji é um “viadinho enclausurado no armário”. Talvez a animação até tenha seus problemas, com seus vários finais que parecem não saber onde querem chegar e com a relação de Shinji com seu “amigo” de sexualidade duvidosa, Kaworu Nagisa. Mas eu não assisti a animação então não vou opinar nisso. Mas no mangá Shinji deixa claro sua opinião sobre as “investidas” estranhas de Kaworu e também sobre seus sentimentos crescentes por uma tal garota (digamos assim), sem falar que o mangá é pancadaria quase ininterrupta! São criaturas chamadas “Anjos” que tentam invadir a corporação Nerv, base superprotegida erguida nos subterrâneos de Tóquio 3. Um após outro, os anjos, criaturas umas mais estranhas que as outras, protagonizam lutas diferentes de qualquer outra que você já possa ter visto desde começou a assistir o gigante guerreiro Daileon! Um dos anjos é como um dado de oito lados! Um octoedro.

A série não faz explicações imensas e pseudofilosóficas sobre as origens daqueles seres e tudo vai sendo construído aos poucos, devagar. O próprio autor já comentou que, em síntese, a obra fala sobre o amadurecimento do Shinji, de suas relações com as pessoas à sua volta e de como enxerga a vida. A série mata personagens legais e você fica puto com o autor porque gosta deles.

Recomendo muito.
Ponto fraco da série: não gostei do Shinji e da Asuka terem de aprender a dançar para sincronizar seus movimentos para derrotarem um Anjo. Achei meio tosto.

Ponto fraco da publicação da JBC: em comparação com a edição da Conrad, fica a dever porque não coloca as ilustrações muito bem coloridas com aquarela no começo de cada edição.

Nota: 9.5